Os capitais de prazos mais longos começam a chegar com mais
afinco ao Brasil e o prazo médio das captações neste mês de junho chegou aos
32,8 meses. Somente na última sexta-feira, a Sabesp captou US$ 225 milhões em
bônus de 5 anos e o Unibanco outros US$ 225 milhões em títulos securitizados de
seis anos, com prazo final médio de 3,71 anos.
Até agora neste ano,
foram poucas as operações de longo prazo. Tanto que de acordo com levantamento
elaborado pelo BBV Banco o prazo médio das captações brasileiras havia subido de
10 meses no início do ano para apenas 19,3 meses em maio. Já o prazo médio de
32,8 meses alcançado em junho, foi incentivado principalmente pelos papéis
soberanos que foram lançados com prazo de vencimento em 10 anos.
Mesmo
assim, bancos e empresas não emitiram papéis com prazo inferior a 12 meses neste
mês. As duas emissões com este prazo foram feitas pela Usiminas e pelo banco
BMG, que não têm grande tradição no mercado internacional. No caso da Usiminas,
por exemplo, foi a primeira emissão de bônus da empresa e o BMG fez sua estréia
em maio.
O fechamento da operação da Sabesp em cinco anos, sem opção de
resgate antecipado e sem garantias, pode se tornar um incentivo para que outras
empresas tentem alongar as captações em dólares. Os papéis da empresa pagaram um
rendimento ao investidor de 12% ao ano e a emissão foi liderada e distribuída
pelo UBS Warburg.
Já o Unibanco captou também US$ 225 milhões, mas em
títulos que dão como garantia o fluxo de recebíveis externos do banco. Os papéis
terão vencimento em 15 de julho de 2009 e amortizações a partir de outubro de
2004, por isso o prazo médio é de 3,71 anos. O cupom foi de 6,15% ao ano com
prêmio sobre os títulos americanos de 4,25% ao ano.
A distribuição dos
títulos foi feita pelos bancos Dresdner Kleinwort Wasserstein e Bank of New York
que venderam os papéis principalmente a investidores institucionais dos Estados
Unidos e da Europa. Os recursos que a princípio ficam na UBB Finance Company,
empresa do grupo nas Ilhas Cayman, serão usados para financiar os clientes do
Unibanco no Brasil e no exterior.
Em 2002, o banco fez operação
semelhante, no total de US$ 400 milhões com prazo de sete anos. Mas naquela
oportunidade os investidores contaram com a proteção de um seguro comercial. Na
nova emissão, concluída sexta-feira, a única garantia dada aos investidores foi
do fluxo de recebíveis externos do banco.
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