Em apenas duas semanas as empresas e bancos brasileiros vão
captar no exterior cerca de US$ 1,2 bilhão, elevando para US$ 7 bilhões o total
captado por meio de emissão de títulos no mercado internacional neste ano. Até
amanhã pelo menos três operações serão fechadas. Uma da Petrobras de US$ 160
milhões em US commercial papers (notas promissórias negociadas no mercado
americano), outra do Unibanco de € 50 milhões e o mercado diz que o Itaú já
espera elevar o valor de sua operação de US$ 50 milhões lançada na última
quarta-feira.
Para a próxima semana o leque de novas captações é ainda
maior: Petrobras, Banif Primus, BMG, BMC e os mais otimistas também esperam que
a Sabesp lance papéis. Os bancos tinham até ontem para enviar à empresa suas
propostas para a emissão. Dentre as premissas da Sabesp estava apenas o valor,
de até US$ 200 milhões, e o prazo de vencimento, mínimo de um ano.
Já a
Petrobras irá a mercado na semana que vem para fazer a operação de prazo mais
longo deste ano. De acordo com o gerente financeiro, Daniel Oliveira, a empresa
pretende captar US$ 750 milhões, em três tranches de prazos variados chegando a
12 anos, dando a garantia para os investidores de suas exportações. Mas não é
uma securitização, segundo Oliveira. É um pré-pagamento à exportação por meio de
títulos que serão vendidos para investidores institucionais. Até segunda-feira
os juros devem estar definidos, segundo Oliveira.
Quem pretende lançar
títulos securitizados é a Aracruz. "É provável que isso aconteça daqui a pouco",
disse o presidente da empresa, Carlos Aguiar. "E deve ficar entre US$ 200
milhões e US$ 250 milhões". (veja mais detalhes na página A-15).
As
empresas ainda estão tímidas no mercado internacional se comparadas aos bancos.
Enquanto os bancos já fizeram 41 emissões, para as empresas esse número é de
apenas seis e três delas são operações com garantias.
A Petrobras, por
exemplo, além das garantias de exportações espera fechar hoje uma captação com
garantia dos bancos. Em seu USCP, o Barclays é que assina uma carta de crédito
dando o seu aval. O "spread" ficou num patamar inferior aos 3% ao ano, além da
Libor (juro londrino). Em duas semanas, a emissão foi ampliada de US$ 125
milhões para US$ 160 milhões. Neste tipo de operação, os papéis são vendidos aos
investidores americanos e o banco avalista divide o risco com outras
instituições - que recebem parte do rendimento. Algumas fontes que participam
desse negócio, dizem que os juros para que as instituições aceitassem assumir o
risco tiveram que ser alterados e subiram de 2,5% para 3% ao ano. A empresa, no
entanto, diz que isso não ocorreu, já que o volume da operação chegou a ser
ampliado.
Independentemente disso, a maior parte das operações foram
feitas por nomes tradicionais no mercado internacional. Mas a queda do risco
Brasil já está abrindo portas para nomes menos conhecidos. Ontem, o EMBI, que
mede o risco País, fechou em 752 pontos-base, ou seja, um prêmio de 7,52% sobre
os títulos do Tesouro americano. Para se ter uma base de comparação este índice,
medido pelo JP Morgan, chegou a ultrapassar, há menos de 12 meses, os 2.000
pontos-base.
A confiança que os investidores depositam no País, abriu a
oportunidade para que o banco BMC recolocasse papéis. A vice-presidente do BMC,
Andréa Pinheiro, disse que o banco está vendendo ao mercado US$ 25 milhões em
títulos que estavam na sua tesouraria. O papel tem vencimento em 2005 e uma
opção de resgate em 2004. Até este último prazo o rendimento para o investidor é
de 8,5% ao ano e sobe para 10,75% para quem carregar o papel até 2005.
Outros bancos de pequeno porte também estão intensificando negócios. O
Banif Primus quer emitir € 20 milhões em papéis de um ano. O cupom está definido
em 6% ao ano e há uma opção de resgate prevista para o dia 12 de novembro. Já o
BMG, que lançou US$ 10 milhões na semana passada, pretende fechar a emissão no
próximo dia 16 e elevá-la para US$ 15 milhões ou até mesmo US$ 20
milhões.kicker: Hoje, Petrobras, Unibanco e Itaú devem fechar operações de cerca
de US$ 300 milhões
Gazeta Mercantil - 09/05/2003 |
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