Depois do lucro recorde de R$ 526,5 milhões em 2004, banco
aposta em acordos para crescer. Na disputa cada vez mais acirrada pelo mercado
de crédito ao consumo, o grupo HSBC dá mais um passo que promete mexer com os
ânimos de seus concorrentes. O banco inglês fechou parceria no final de
fevereiro com a rede de varejo Ponto Frio, que já mantém sociedade com o
Unibanco na financeira PontoCred. Está ainda ampliando os acordos com os bancos
Schahin e Matone. Essa movimentação é resultado da estratégia adotada pelo HSBC
- desde a aquisição da financeira Losango no final de 2003 - para crescer no
varejo e que sustentou o aumento de quase três vezes do lucro do grupo no País,
de R$ 192,6 milhões para um R$ 526,52 milhões no ano passado.
O
presidente-executivo do HSBC Bank Brasil, Emilson Alonso, explicou que o acordo
com o Ponto Frio prevê a utilização da rede varejista como um canal de
distribuição para a oferta de crédito consignado ao aposentado - o dinheiro pode
ser sacado ou usado para a aquisição de bens na loja. A operação conta com a
estrutura do Banco Schahin, que já é parceiro do HSBC na carteira de empréstimo
com desconto em folha a pensionistas do INSS. Esse acordo prevê a liberação de
R$ 50 milhões mensais por um período de cinco anos.
Com o Banco Matone,
o contrato deve ser fechado nos próximos dias. O acordo - também na modalidade
de crédito consignado - é de R$ 25 milhões por mês, num total de R$ 1,5 bilhão.
Segundo Alonso, em todas essas operações o HSBC entra como parceiro, ou seja,
participa dos riscos e lucros do negócio. "Não oferecemos apenas o funding para
a operação. Temos interesse na pessoa física, já que somos um banco de varejo",
afirmou o executivo. Em fevereiro, considerando o acordo com o Schahin, o HSBC
desembolsou R$ 80 milhões em créditos consignados para funcionários do setor
público, privado e a pensionistas. "Queremos atingir um saldo de R$ 1 bilhão até
o final do ano."
O financiamento ao consumo, de modo geral, deve
contribuir para a expansão de 20% nas operações de crédito do HSBC estimado para
este ano - o banco leva em conta um crescimento de cerca de 4% para o Produto
Interno Bruto (PIB). No final de 2004, o saldo da carteira de crédito do HSBC
era de R$ 15,243 bilhões, um aumento de 25,7%. "A economia cresceu e nos
beneficiou", afirmou Alonso.
Do total da carteira, o segmento de pessoa
física cresceu 17%, para um total de R$ 5,940 bilhões, e a área de financiamento
ao consumo (em que se enquadra a financeira Losango) registrou aumento de 40%,
para R$ 3,146 bilhões. Segundo o executivo, a Losango manteve esse crescimento
nos dois primeiros meses deste ano. A carteira de pequenas e médias empresas,
outro foco do HSBC, teve alta de 56% (R$ 3,835 bilhões) em 2004. O crédito para
grandes empresas ficou praticamente estável (mais 0,5%, para R$ 3,238 bilhões),
por conta do recuo do dólar no ano passado que reduziu os empréstimos em moeda
estrangeira.
A inadimplência total caiu de 8,59% para 7,47% no ano
passado. A expectativa de Alonso para 2005 é reduzir o índice para 7%, na onda
do crescimento do níveis de emprego e renda, e ainda dos créditos consignados,
já que são de melhor qualidade.
A receita com intermediações financeiras
cresceu 32,7% em 2004, para R$ 7,197 bilhões. Só o resultado com títulos e
valores mobiliários aumentou 61%. Segundo Alonso, os ganhos com tesouraria
também foram parte importante para o lucro recorde registrado pelo grupo no
País.
Outro destaque da atuação do HSBC no ano passado foi a melhora do
rentabilidade sobre o patrimônio líquido, de 11,6% para 21,5%. Excluindo os
efeitos da amortização das aquisições da financeira Valeu e de parte da carteira
do Banco Matone, o retorno ficou em 24,07%. "Conseguimos trazer nossa
rentabilidade aos níveis de mercado", afirmou Alonso. Segundo ele, escala e
crescimento deixaram de ser problema.
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