Faltam menos de quinze dias para férias de verão no Hemisfério
Norte, quando o mercado financeiro internacional fica praticamente parado, e as
empresas brasileiras ainda não deram trégua. Mais de US$ 1 bilhão em emissões
entraram no forno nesta semana, e espera-se que tudo seja vendido até o fim de
julho. Aracruz, Banespa, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Ipiranga e Vale
do Rio Doce são os nomes que estão movimentando todos estes dólares, e tornando
acirrada a disputa entre os bancos para liderar estas operações.
Ontem,
o JP Morgan foi escolhido pela CSN para fazer uma operação de US$ 200 milhões em
bônus "plain vanilla", aqueles sem garantias além do nome da própria empresa,
com vencimento em cinco anos. É a sexta operação da empresa neste ano no mercado
externo e ao vender os novos bônus já terá angariado dos investidores
internacionais US$ 760 milhões.
Os números da CSN colaboram na
respeitável cifra de US$ 11,5 bilhões captados pelos brasileiros este ano por
meio de emissão de bônus e títulos securitizados (em que são dadas garantias de
exportações). Número que chegará a US$ 12,449 bilhões quando as novas operações
se concretizarem. Deste total, US$ 2,25 bilhões foram captados pelo Tesouro
Nacional, outros US$ 1,7 bilhão correspondem a emissão de títulos securitizados
(incluindo operações em andamento) e o restante, US$ 8,5 bilhões, em bônus
privados, sem garantias, de bancos e empresas.
Dentre os novos títulos,
apenas a da Aracruz será uma securitização. O diretor financeiro da empresa,
Isac Zagury, disse ontem à Bloomberg News, que pretende vender US$ 400 milhões
destes títulos com vencimento entre sete e oito anos e que o preço será formado
na próxima semana, assim que o "road-show" com investidores for finalizado.
Também ontem era forte a notícia entre os bancos de que o Bear Stearns
teria sido contratado para vender US$ 120 milhões em bônus da Ipiranga com
vencimento em cinco anos e opção de resgate antecipado em dois anos. Mas a
empresa informou por meio de sua assessoria de imprensa o seguinte: "existe por
parte da empresa um interesse nesse sentido, embora nada ainda esteja acertado".
E mesmo o banco não confirma a operação, mas outros bancos que também mandaram
propostas já dão como certa a contratação do Bear Stearns. Será a primeira
emissão no mercado externo da empresa desde 1994 e a expectativa é de que até o
fim da semana que vem esteja tudo concretizado.
Também é aguardada a
venda de US$ 300 milhões em bônus da Vale do Rio Doce com vencimento que pode
chegar a 10 anos. E o fechamento de operações começa cedo na semana que vem. Já
na segunda-feira, o banco Santander Banespa vai encerrar a venda de pelo menos
US$ 50 milhões, sob a liderança do UBS Warburg. Os títulos têm vencimento em
dois anos a juros entre 5,125% e 5,375% ao ano.
E nesta semana também
foram fechados negócios. O Itaú que havia vendido US$ 200 milhões em títulos
securitizados ontem, mesmo dia em que o Itaú Europa captou € 150 milhões, vendeu
hoje mais US$ 100 milhões em bônus em nome do Itaú BBA. Com vencimento em 24
meses, os títulos ficaram com cupom de 4,5% ao ano e retorno para o investidor
de 4,8% ao ano. A operação será liquidada no dia 28 de julho e foi liderada pelo
banco Standard Bank. O Itaú informou que os recursos serão usados para a
concessão de crédito aos clientes.
Mas nem só de grandes volumes vivem
as emissões internacionais. Ontem, o BicBanco conseguiu obter US$ 10 milhões por
um ano a juros de 6,5% ao ano e cupom de 6%. O diretor da divisão internacional
do banco, Paulo Celso Del Ciampo, conta que neste ano o Bic fez um programa que
permite a captação de até US$ 100 milhões no exterior. "A idéia é de a cada dois
meses lançar uma tranche de US$ 10 milhões, dependendo, claro, das condições de
mercado".
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