A percepção de que a guerra entre os Estados Unidos e o Oriente
Médio pode ser postergada trouxe calmaria ao mercado financeiro. Os inspetores
da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgaram, na semana passada, que não
foram encontradas armas de destruição no Iraque. O feriado nos Estados Unidos
(Dia do Presidente), guia dos demais mercados, ajudou a amenizar as preocupações
e reduziu os negócios no resto do mundo. Mesmo assim, os investidores acreditam
que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve subir os
juros básicos da economia, que estão em 25,5% ao ano.
Os diretores do BC
estarão reunidos hoje e amanhã para definir a taxa de juros. Como o foco da
política monetária é perseguir uma meta de inflação, as apostas dos economistas
são de que os juros podem subir até 27% ao ano. A meta de inflação ajustada para
este ano é de 8,5%. Mas as estimativas de mais de cem instituições financeiras
ouvidas pelo BC mostram que a inflação pode ficar em 11,99%, de acordo com o
Boletim Focus do BC, mais de três pontos percentuais acima da meta.
"O
BC terá de subir os juros para tentar reverter as expectativas inflacionarias",
disse o economista do BicBanco, Luiz Rabi. Se os produtores têm a expectativa de
que os preços podem subir no futuro, eles começam a fazer reajustes agora,
elevando realmente a inflação. Outro problema da inflação em alta é a indexação
de salários. Com as remunerações atreladas a gatilhos, a inflação pode entrar em
uma espiral. Quando a taxa sobe, os salários são reajustados e podem gerar mais
inflação.
As projeções dos contratos de juros futuros negociados na
Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) também indicam a elevação dos juros.
Ontem, as taxas caíram com a menor probabilidade de guerra no curto prazo. Os
contratos de juros para março, que melhor refletem a expectativa para o Copom,
ficaram em 26,23%, 0,73 ponto percentual acima dos juros básicos da economia.
Para abril, os juros saíram de 26,90% para 26,80% ao ano. Os juros para julho
passaram de 28,32% para 28,11% ao ano.
Mesmo se o BC sancionar as
expectativas do mercado financeiro e elevar os juros básicos as taxas do
crediário não devem aumentar. Os juros básicos servem de referência para essas
taxas mas o determinante é a taxa real de juros. "A taxa real deve continuar em
12% ao ano, mesmo com a subida dos juros nominais", disse Rabi. Os juros mais
altos também podem diminuir o crescimento econômico. A estimativa do BC é de que
o País pode crescer até 2,8% neste ano.
Dólar cai para R$ 3,62
A
mudança nas regras de devolução de linhas externas ao BC favoreceu a queda do
dólar. No final do ano passado, o BC vendeu cerca de US$ 1,5 bilhão às
instituições financeiras - as linhas externas. Os bancos deveriam devolver os
dólares ao BC neste mês. Acontece que o BC decidiu que as instituições deverão
vender os dólares no mercado financeiro e entregar o valor corresponde em reais
ao BC. Na prática, a maior quantidade de moeda estrangeira no mercado pode
derrubar as cotações do dólar. O fato de os bancos terem de repassar reais ao BC
também vai contribuir para enxugar a liquidez do sistema financeiro (dinheiro
que sobra no caixa dos bancos diariamente e que está ao redor de R$ 60 bilhões).
Ontem, o dólar caiu 1,24% para R$ 3,62x.
"A medida do BC é boa no curto
prazo, mas se houver uma guerra a procura por dólares pode aumentar", disse o
gerente da mesa de câmbio do Banif Primus, Rodrigo Trotta. A Ptax, média das
cotações apurada pelo BC, ficou em R$ 3,6232, baixa de 1,23%. Na BM&F, o
contrato de dólar com liquidação financeira em março caiu 1,19% para R$ 3,647. A
clearing de câmbio teve 205 negócios e girou US$ 246,4 milhões.
No
mercado aberto, o BC enxugou o sistema financeiro em R$ 6,878 bilhões. O
dinheiro será remunerado com juros anuais de 25,35% e volta ao caixa dos bancos
hoje junto com outros R$ 38 bilhões que foram recolhidos na semana passada. O
Tesouro Nacional vai leiloar até 5 milhões de títulos pós-fixados (Letras
Financeiras do Tesouro, LFT) com vencimento em setembro e dezembro deste ano e
em maio de 2004. Ontem, não houve negociação com títulos da dívida brasileira
devido ao feriado nos Estados Unidos.
3 É O NUMERO DE CONTRATOS PERMITIDOS PARA A CONCESSÃO DO CRÉDITO CONSIGNADO PREFEITURA DE SÃO PAULO-PMSP-IPREM |
PMSP |
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IPREM |
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GCM |
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HSPM |
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