O Banco do Brasil (BB)

O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem os primeiros planos de gestão traçados para o Banco Nossa Caixa, cujo controle foi comprado do governo do Estado de São Paulo em novembro do ano passado e o processo de incorporação iniciado neste mês. A instituição adquirida, que continuará com gestão independente até o final de 2009, concentrará seus esforços de crescimento este ano, principalmente na expansão do crédito para pessoas físicas, em especial o empréstimo consignado, e para empresas, particularmente as pequenas e médias, disse o novo diretor-presidente da Nossa Caixa, Paulo Bonzanini, que assumiu o comando no último dia 10, quando Banco Central (BC) aprovou a transferência do controle.

Além dos planos de crescimento da produção própria, será dado prosseguimento à compra de carteiras de crédito de outras instituições, seguindo o modelo do BB de analisar as operações uma a uma, para diminuir os riscos do negócio, afirmou o executivo. Há 33 anos no BB e nos últimos cinco dirigindo a área de varejo, Bonzanini ressaltou que a partir de maio os clientes da Nossa Caixa - que já têm acesso para consultas e saldos nos 39 mil terminais de autoatendimento do BB espalhados pelo País desde o último dia 10 - terão à disposição cartões de crédito similares aos do BB. Para maio também está prevista a implantação de linhas de crédito automatizadas (disponíveis nos terminais de autoatendimento e internet) para pessoas físicas e jurídicas.

A transferência das metodologias de trabalho e da tecnologia utilizadas pelo BB para a Nossa Caixa são os instrumentos que vão possibilitar a introdução de produtos mais automatizados - como os cartões com chips e o crédito pré-aprovado -, acelerar a velocidade das operações e, em consequência, permitir a ampliação dos negócios, cujos volumes são mantidos em sigilo por Bonzanini. "Acreditamos que temos potencial enorme de crescimento no crédito. A meta é crescer acima do mercado (hoje as estimativas medianas giram em torno de 15% de alta) e ampliar a participação nesses segmentos." Conforme o orçamento elaborado pela direção anterior da Nossa Caixa, a previsão era de alta próxima de 30% este ano para a carteira de crédito da instituição, que fechou 2008 em R$ 12,9 bilhões, 47,6% superior ao do ano anterior. Na pessoa jurídica, o estoque era de R$ 3 bilhões ao final de 2008 e o do crédito consignado, de R$ 5,8 bilhões.

Bonzanini informou que atualmente o índice de concessão automatizada de crédito na Nossa Caixa não ultrapassa os 10% do volume de negócios, enquanto no BB já chega a 92% na pessoa física, o que mostra o grande potencial de crescimento. A estratégia do banco para crescer no crédito será fortalecer o relacionamento com os clientes, principalmente os 1,1 milhão de servidores públicos de São Paulo, cuja folha de pagamento foi adquirida pela Nossa Caixa. Bonzanini disse que hoje não são muitos os servidores com empréstimos junto à instituição. Na pessoa jurídica, o foco serão os cerca de 200 mil fornecedores do governo do paulista.

O executivo afirmou também que não há planos de demissões e que o cronograma de integração prevê o fechamento mínimo de agências - em cidades muito pequenas que não comportem a sobreposição das duas bandeiras. A marca Nossa Caixa deverá ser substituída pela do BB, mas não há data definida para isso. O BB comprou a Nossa Caixa para fortalecer sua atuação em São Paulo, onde tem de ser forte para estar entre os maiores do País, e, por isso, "não tem plano de fechamento de pontos de atendimento e de demissões no Estado. Tem apenas plano de crescimento", observou Bonzanini.

São Paulo - PanAmericano, BMG e Cruzeiro do Sul ampliaram quadro de pessoal para atender beneficiários do INSS. O forte crescimento do crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além da reconhecida participação no desempenho da economia doméstica e de algumas críticas, também está contribuindo para melhorar o nível de emprego.

Sem dar conta do volume de trabalho gerado por uma expansão de 120% no total de crédito ofertado por consignação em folha (que inclui também servidores públicos e, numa participação menor, empregados da iniciativa privada), bancos e financeiras estão contratando novos funcionários.

Em maio passado o total das linhas consignadas foi R$ 17,8 bilhões. As linhas destinadas exclusivamente ao beneficiários do INSS foram criadas em setembro de 2004, o que contribuiu fortemente para o resultado destes primeiros meses de 2005. Até o final de junho, segundo dados do Ministério da Previdência, o valor acumulado no ano com os beneficiários do INSS deve ultrapassar R$ 7 bilhões, para um contingente de três milhões de tomadores.

Conveniado ao INSS desde fevereiro, o PanAmericano empresta hoje cerca de R$ 50 milhões/mês a esse público, que já responde por 60% do total ofertado pela instituição na modalidade de crédito pessoal. "Montados uma estrutura específica só para atender os aposentados", diz Rafael Palladino, vice-presidente da financeira do Grupo Silvio Santos.

"Aumentamos nosso quadro em quase 20% e vamos contratar ainda mais até o final do ano", informa. Foram contratados 1,3 mil novos empregados e outras 600 vagas deverão ser abertas para suprir 43 novas filiais. A linha destinada aos beneficiários do INSS acumula R$ 170 milhões em empréstimos concedidos e a estimativa da financeira é expandir a carteira em 50% no segundo semestre.

Líder na modalidade de concessão de crédito consignado a aposentados e pensionistas, o Banco de Minas Gerais (BMG), com uma participação em torno de 38% do mercado, fez 350 novas contratações desde o início do ano, totalizando 800 empregados diretos. "Indiretamente esse número é bem maior", diz Roberto Rigotto, vice-presidente da instituição.

"Tínhamos 10 mil agentes bancários em todo o país e, com o INSS, dobramos para 20 mil", diz o executivo. No ano passado a instituição fechou com um resultado de R$ 3,7 bilhões, número que deverá mais que dobrar este ano - a estimativa para dezembro é de R$ 7,5 bilhões. Até junho, só os aposentados respondiam por R$ 2,5 bilhões.

As taxas de juros para empréstimos com desconto em folha estão hoje entre 1,5% e 3,7%, dependendo da instituição financeira e da quantidade de prestações em que o empréstimo será pago. No PanAmericano, por exemplo, as taxas variam de 1,65% a 3,3%, enquanto o mínimo do BMG é 1,5%.

O Banco Cruzeiro do Sul, segundo o diretor-superintendente Adolpho Nardy, opera entre 1,5% e 3%. Atuando com crédito consignado para servidores públicos há 11 anos, o banco também sentiu os reflexos da demanda dos aposentados no seu quadro de pessoal. "Com o INSS nosso movimento aumentou e hoje essa modalidade responde por cerca de 30% do total gerado diariamente", diz o executivo, acrescentando que houve um acréscimo de 10% no contingente de funcionários, hoje em 330.

Um dos produtos oferecidos pelo banco, um cartão de crédito Visa exclusivo para aposentados, mostra o potencial desse segmento: "Lançamos o cartão em junho e nossa expectativa era fechar o ano com 150 mil clientes. Já estamos com 60 mil", diz Nardy, informando que, além de gratuito e sem anuidade, o plástico oferece a possibilidade parcelar o débito em 20 vezes, com taxas de 3% ao mês, enquanto as operadoras cobram normalmente em torno de 10% ao mês.

Enquanto no crédito pessoal de mercado a taxa de juros média no ano atingiu 77,2% em maio, os recursos do crédito consignado ficaram em 35,6%, conforme informou o Banco Central na sexta-feira. Essa diferença deve-se ao menor risco já que as parcelas dos pagamentos são descontadas em folha ou nos benefícios previdenciários.

kicker: Enquanto no crédito pessoal o juro médio no ano atingiu 77,2% em maio, os recursos do crédito consignado ficaram em 35,6%