O Banco PanAmericano

O Banco PanAmericano, que o mercado avalia ser uma das "noivas" mais cobiçadas do momento, aposta parte de suas fichas de crescimento neste ano no segmento de pessoas jurídicas, aliado a uma agressiva estratégia de marketing a fim de elevar também a carteira de pessoas físicas, particularmente, no crédito consignado, e atrair investidores.

Hoje, a instituição controlada pelo Grupo Silvio Santos tem atuação tímida na área de crédito às empresas - que mal ultrapassa os R$ 100 milhões em linhas de conta garantida - e centrada, principalmente, em operações casadas com alguns fornecedores. O objetivo é expandir forte essa atuação, aproveitando o potencial dos cerca de 20 mil parceiros comerciais que o banco tem, e chegar ao final de 2009 com um volume próximo de R$ 1 bilhão de estoque no middle market, segmento de médias e pequenas companhias que será o foco do banco, explica Rafael Paladino, diretor-superintendente do PanAmericano.

O executivo afirma que, pela sua expertise no crédito, o banco tem uma possibilidade fantástica de crescimento ao diversificar os negócios. "Tem tanto banco crescendo na pessoa jurídica, por que não podemos fazer as duas coisas?", questiona. Paladino acredita também que há um bom espaço de expansão no mercado de empresas de médio porte. "Por causa da consolidação do setor, que enxuga o dinheiro do mercado, hoje existem várias companhias boas que estão sem acesso ao crédito e perderam seus limites com as fusões", diz o executivo, para quem a escassez da liquidez, ocasionada pelo agravamento da crise financeira mundial a partir de setembro do ano passado, também afetou esse segmento.

Com o aprofundamento da crise, os bancos de médio e pequeno portes, como o próprio PanAmericano, enfrentaram problemas para captar recursos, o que atingiu a oferta de crédito para as empresas menores, mais assistidas por essas instituições. Os bancos pequenos representam cerca de 20% das operações de crédito no Brasil, percentual que pode ter caído à metade por causa da crise, avalia Paladino. "Os bancos grandes não conseguem cobrir os nichos que os menores atendem e, se esse percentual perdido for restituído, o sistema financeiro brasileiro voltará à normalidade."

Na opinião de Paladino, o governo está pró-ativo no restabelecimento da circulação do dinheiro na economia. A última medida do Conselho Monetário Nacional (CMN) nesse sentido já está surtindo efeitos, afirma. A medida, anunciada no final de março, permite ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), a partir deste mês, garantir depósitos a prazo até R$ 20 milhões, por cada pessoa física e jurídica. Com isso, os investidores estão retornando aos bancos menores, que agora oferecem garantias similares aos dos grandes, diz Paladino, observando que em apenas um semana o PanAmericano já captou cerca de R$ 500 milhões em recibos de depósito bancário (RDB), os papéis garantidos pelo FGC, a uma "taxa interessantíssima", em torno de 110% a 112% do CDI, excluindo a contribuição para o FGC, de 1% ao ano sobre o total captado.

Com a diversificação, a instituição desenha vários produtos para atuar no mercado de pessoas jurídicas e oferecerá linhas de capital de giro e de descontos de duplicata, entre as mais importantes. Já está disponível este mês uma linha de antecipação de recebíveis voltada para pequenas e médias empresas que trabalham com a bandeira Visa de cartões. O banco de compromete a pagar à vista os recebíveis desses cartões de crédito e a operação pode ser realizada, e acompanhada, pela internet.

Paladino explicou que o plano de transformar em área de negócio o crédito às pessoas jurídicas começa por São Paulo, mas até o final de 2009 a ideia é implantar o serviço nas principais capitais e cidades brasileiras, em cerca de 90 lojas da rede, que hoje tem um número próximo de 200 e cobre em torno de 90% do mercado brasileiro. O banco já tem hoje perto de 30 profissionais dedicados à área, equipe que crescerá para cerca de 100 pessoas até o final do ano.

São Paulo - Lançamentos de debêntures superam emissões externas; tendência continua no 2º- semestre. No mesmo período de 2004, a busca de recursos nos mercados mundiais pelo setor privado foi bem maior que o deste ano. De janeiro a maio do ano passado, as emissões externas foram de US$ 4,8 bilhões - ou US$ 3,3 bilhões, descontando as da República.

Para o consultor Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o mercado de capitais doméstico deve continuar aquecido no segundo semestre. Rodrigues lembra que com o dólar depreciado, o risco cambial aumenta. Para se proteger, as empresas que emitem papéis em moeda estrangeira precisariam recorrer a operações de "hedge", o que também aumenta o custo do crédito. Além disso, há despesas com "road shows", e com a adequação das demonstrações financeiras às regras internacionais.

Excesso de liquidez

Outro motivo a incentivar as empresas a tomar recursos internos é o excesso de liquidez, que vem ampliando as fontes de financiamento e barateando os custos. "A oferta está maior do que a demanda", diz Alexandre Azevedo, superintendente executivo de gerenciamento de portfólio do Banco Real. "As grandes empresas ganharam muito dinheiro no ano passado e estão com sobra de caixa, usando capital de giro próprio - e a maioria engavetou planos de investimento a longo prazo", afirma. Por esta razão, também, o ritmo de crescimento das concessões de crédito bancário para empresas está menor.

Uma alternativa para escapar do risco cambial foi encontrada pela Eletropaulo, que concluiu anteontem uma captação de bônus no mercado externo com a denominação dos papéis em reais. A empresa levantou R$ 474 milhões, por cinco anos, a 19,125% ao ano, pagos semestralmente. Outras empresas, como a Braskem, dividem seus empréstimos entre papéis lançados aqui e no exterior. Antes de lançar as debêntures de R$ 300 milhões, havia colocado US$ 150 milhões em bônus no começo do mês. Empresas do grupo Votoratim também seguem esse caminho: em abril, por exemplo, a Votorantim Finanças lançou R$ 1,25 bilhão em debêntures, e há duas semanas a Votorantim Overseas colocou no mercado externo US$ 400 milhões em bônus.

Adauto Lima, economista sênior do banco alemão WestLB, lembra no entanto que a emissão de debêntures também representa um risco para as empresas, uma vez que o rendimento da maioria é corrigido por índices de preços. "Para o mercado deslanchar, é preciso que o investidor aceite taxas prefixadas".

Bancos também captam

O mercado externo continua sendo uma boa opção para bancos, que repassam os recursos por meio da Resolução 2.770 (antiga 63) e em operações de adiantamento de contratos e pré-pagamento de exportação para empresas como a Embraer, que recentemente levantou US$ 980 milhões nessa modalidade. Bancos menores têm aproveitado a disposição dos investidores estrangeiros para captar recursos que financiem suas carteiras de crédito consignado - casos do Schahin, Mercantil do Brasil, Pine, BMG e Cruzeiro do Sul.

As empresas de leasing dos bancos têm grande participação nisso. Boa parte lançou debêntures para financiar operações de financiamento de automóveis.