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Daycoval obtém crédito de US$ 12,5 milhões no BID
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2007, Finanças, p. C3

Marisa Cauduro / Valor Superintendente do Daycoval, Laercio Schulze, e subgerente do BID, Steven Reed: recursos para pequenas e médias empresas com prazos mais longos O Banco Daycoval, assinou ontem o recebimento de um empréstimo de US$ 12,5 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A linha, de três anos de duração, será destinada para financiamentos de capital de giro e outros créditos para pequenas e médias empresas.

O objetivo, além de fomentar o crescimento de empresas de pequeno porte, é alongar os prazos dos empréstimos oferecidos a esse nicho de mercado, explica o subgerente geral da Corporação Interamericana de Investimentos (IIC, da sigla em inglês), instituição multilateral de investimento do BID, responsável pela operação, Steven Reed.

Outros bancos brasileiros já possuem em suas carteiras recursos do BID, como BicBanco, Sofisa, Banco Real e Rabobank, que somam cerca de US$ 500 milhões (aproximadamente US$ 160 milhões em empréstimos diretos e US$ 350 em operações sindicalizadas). Além disso, deve ser aprovado ainda uma linha semelhante para o BPN Brasil (Banco Português de Negócios) nos mesmos moldes do Daycoval.

"No planejamento estratégico para os próximos três anos, estudamos a entrada no capital de alguns bancos brasileiros", revela ainda Reed. Se for aprovado pelos acionistas, esse veículo de fomento incluiria a participação nos conselhos de administração com o objetivo de aperfeiçoar as práticas de governança, sempre em instituições com foco em pequenas e médias empresas. "Há a necessidade de capital", avalia.

Para o Daycoval, o empréstimo funciona como um início de relacionamento com o BID, diz o superintendente da Tesouraria, Laercio Schulze. O banco já está bastante capitalizado, tendo concluído a abertura de capital (IPO, da sigla em inglês) em junho, com oferta primária de quase R$ 1 bilhão.

O banco é um dos líderes no segmento de pequenas e médias empresas, conhecido com middle market. O saldo da carteira para o segmento no final de junho era de R$ 1,67 bilhão, patamar 69% superior ao saldo de junho de 2006. O restante da carteira (R$ 514,2 milhões) está dividida entre operações de exportação, crédito consignado e financiamento de veículos.

Schulze destaca ainda o processo que a economia brasileira apresenta de alongamento dos prazos. Nesse contexto, a operação com o BID faz parte da estratégia de diversificação das fontes de captação para alongar o prazo médio do funding.

"Essa linha do IIC vem em linha com essa perspectiva. Antes, o crédito para o middle market está limitado a operações de 30 a 90 dias. Hoje, temos linhas de 180 dias e até de um ano", completa o executivo.

O diretor do IIC, Santiago Cat, lembra, no entanto, que os recursos direcionados para as empresas precisam atender determinadas exigências de responsabilidade ambiental e social. "Deve ser usado para o desenvolvimento de empresas sustentáveis", ressalta Cat.

Reed destaca ainda a qualidade das instituições financeiras brasileiras. Segundo ele, a presença de organismos multilaterais é importante pelo conhecimento que possuem do Brasil. "Às vezes o investidor não entende o mercado, mas estamos aqui há 18 anos", diz.

Apesar dessa visão otimista, Reed ressalta que nem sempre os recursos são direcionados para o Brasil, pois existem países com mais necessidade. De fato, dos trinta projetos em avaliação ou já aprovados para este ano, apenas dois são brasileiros.

Para os próximos anos, os investimentos do BID no Brasil devem continuar em expansão entre 15% a 20%, diz Reed. "Temos avançado 40% ao ano e agora deveremos ter um crescimento um pouco mais lento", estima.

Já o Daycoval pretende manter uma taxa de crescimento bastante forte da carteira de crédito. O avanço do saldo dos empréstimos tem sido superior a 50% nos últimos anos e recentemente o banco iniciou operações de consignado e veículos.

Além disso, as captações continuam em ritmo forte. No segundo trimestre deste ano foi 5,7% superior ao primeiro trimestre, atingindo R$ 2,2 bilhões. Ainda no segundo trimestre, o lucro líquido do banco foi de R$ 46,5 milhões, 127% superior aos R$ 17,6 milhões do mesmo trimestre do ano anterior.