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Banco do Brasil repassa 264% a mais em recursos do BNDES
Autor: França, Anna Lúcia
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/04/2008, Nacional, p. A7

A crise internacional do crédito acabou se tornando um bom negócios para o Banco do Brasil, que ampliou em 264% a concessão de empréstimos ao setor exportador só no primeiro trimestre deste ano comparado a igual período de 2007. Os financiamentos - que utilizam os recursos oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através da linha BNDES Exim pré-embarque - saltaram de US$ 107,4 milhões registrado em janeiro, fevereiro e março do ano passado para US$ 391,1 milhões nos primeiros três meses deste ano. As empresas que vendem para fora do Brasil sempre foram tradicionais clientes de bancos internacionais, por serem grandes, venderem para bons compradores e só receberem em moeda forte. Tudo isso sempre facilitou as coisas na hora de conseguir empréstimos, especialmente de longo prazo, dando como garantia os próprios resultados das exportações. No entanto, com a crise do mercado internacional de crédito, que reduziu a liquidez, nem elas têm tido facilidade para conseguir dinheiro, muito menos em prazos mais longos. A saída para financiar as operações foi pedir "socorro" ao BNDES, que já repassou no total do programa Exim US$ 656,4 milhões a eles nos primeiros dois meses de 2008, 107,8% a mais que em igual período do ano passado, quando chegou a US$ 315,8 milhões. Demanda Entre os setores os que mais demandam recursos dessa linha está o automotivo, com 55% de participação, seguido por máquinas e equipamentos, com 27%, e em terceiro telecomunicações, com 13%. "A redução da liquidez no mercado internacional e, principalmente, os prazos menores aos exportadores lá fora, impulsionaram a procura por estes recursos pré-vendas oferecidos pelo BNDES", explica Nilo José Panazzolo, diretor de comércio exterior do Banco do Brasil, instituição que lidera o ranking de desembolsos do BNDES-Exim Pré-embarque. Os prazos internacionais, que antes chegavam a limites como três anos, agora não passam de 12 meses, segundo informações do o executivo. Por sua vez, os prazos do BNDES-Exim pré-embarque vão de 18 a 30 meses, o que torna o recurso ainda mais atraente aos olhos dos exportadores brasileiros. O financiamento pré-venda, que são os mais procurados pelos exportadores nacionais, viabiliza tanto o capital de giro como a produção em si. Com características muito particulares, o recurso fica entre os mais baratos do mercado, cobrando taxa Libor (2,69% ao ano), ou TJLP (6,25% ao ano), ou um mix das duas, mais o spread do agente financeiro, dependendo do caso. "O fato do pré-embarque ter crescido denuncia que os exportadores estão utilizando fortemente este recurso para financiar a produção", explica Mário Mugnaini, diretor executivo de mercados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), segmento cujas vendas cresceram em torno de 27% no ano passado e já contabiliza alta de cerca de 25% no primeiro trimestre de 2008. O movimento, segundo o Banco do Brasil, se acentuou em março, quando a instituição atingiu um volume de repasses da ordem de US$ 217 milhões dos US$ 391 milhões liberados neste ano. No ano passado inteiro, o Banco do Brasil registrou o maior volume de desembolsos dentro do programa do BNDES voltado aos exportadores em condições compatíveis com as existentes no mercado internacional. Dos US$ 3,5 bilhões repassados pelo BNDES-Exim Pré-embarque em 2007, US$ 1,2 bilhão foi desembolsado pela instituição, o equivalente a 35,1% de todas as operações relacionadas à linha. De acordo com Panazzolo, historicamente 30% das exportações são financiadas em função da necessidade de capital de giro. Mas isso tradicionalmente era feito no mercado internacional, em função das melhores condições. Com a queda do dólar e a perda de rentabilidade, aliada à crise internacional, isso ganha novos contornos. "As condições do financiamento são extremamente importantes, por isso o Exim pré-embarque é mais demandado que o pós, porque a indústria pode pegar o dinheiro no banco, produzir a máquina e exportá-la. Depois paga o banco", explica Mugnaini. No último ano, o setor de máquinas exportou cerca de US$ 7 bilhões, conforme dados da Abimaq. Mesmo com essa demanda maior demanda por recursos, o Banco do Brasil informou que está numa situação confortável em relação ao volume captado. Isso porque mantém várias formas de obtenção de recursos para garantir as operações. "Estamos trabalhando, inclusive, junto a esses mesmos exportadores para que abram contas conosco no exterior a fim de manter seus recursos lá fora, como foi garantido recentemente pelo governo", explica Panazzolo. Outra forma de captação importante é a poupança feita pelos brasileiros que trabalham no Japão, os chamados dekasseguis. Isso sem falar na linha interbancária. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()