bmg Para Tarso, ex-ministro precisa se explicar
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2005, Nacional, p. A5

O presidente do PT, Tarso Genro, sugeriu ontem ao deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro-chefe da Casa Civil, que se antecipe aos fatos e peça para ser ouvido pelo partido. "Eu tenho certeza de que, quando algum militante recebe uma acusação grave, se ele é um militante de responsabilidade pede que esse fato seja submetido à Comissão de Ética antes que alguém o faça", afirmou. Tarso fez as declarações logo depois de visitar o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, a quem solicitou ajuda para que a nova direção do PT possa desvendar o esquema de irregularidades no partido. Questionado sobre as denúncias apresentadas à CPI dos Correios por Renilda de Souza, mulher do publicitário Marcos Valério - que acusou Dirceu de reunir-se com diretores do Banco Rural e do BMG para discutir empréstimos ao PT -, Tarso disse que tudo precisa ser averiguado.

"Temos de verificar as informações e ouvir a versão do José Dirceu", afirmou. Apesar de ressalvar que o PT não fará "nenhuma execução sumária", Tarso observou que Dirceu está sujeito à Comissão de Ética como qualquer militante do partido: "Tudo o que for colocado a respeito de qualquer militante vai ser avaliado pela Comissão de Ética do PT, seja de que nível for o militante", explicou.

Mais tarde ele amenizou as declarações. Após conversar com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, disse: "Não temos nenhum motivo para duvidar da palavra do José Dirceu."

De posse da nota de defesa encaminhada pelo deputado Dirceu, Tarso insistiu em que o depoimento de Renilda não serve como prova. O secretário-geral, deputado Ricardo Berzoini (SP), também disse não ver motivos para uma Comissão de Ética investigar Dirceu. "O PT não é CPI nem delegacia de polícia", reagiu.

Para o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), porém, é preciso exigir explicações de Dirceu. "A cada dia somos surpreendidos por um novo fato e isso é inaceitável", afirmou Biscaia.