Itaú e BMG juntos no consignado
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Fonte: Correio Braziliense, 11/07/2012, Economia, p. 13

O Itaú contribuirá com sua capacidade econômico-financeira e a sua experiência administrativa e de controles para o sucesso da nova empresa%u201D Roberto Setúbal, presidente do Itaú Unibanco

Com o objetivo de dominar o mercado de crédito consignado, o Itaú Unibanco tornou-se sócio do mineiro BMG, uma das principais instituições desse segmento. Na prática, o banco presidido por Roberto Setúbal tornou-se proprietário de todas as operações do banco mineiro. O acordo, que resultará na criação de uma nova empresa, o Banco Itaú BMG, pegou o mercado de surpresa, especialmente o Bradesco e o BTG Pactual, que, há meses, vinham negociando com a família Pentagna Guimarães, dona do BMG.

Pelo acordo, o Itaú, que entrou com R$ 700 milhões no negócio,terá 70% das ações da nova empresa, e os Pentagna Guimarães, que contribuíram com R$ 300 milhões, ficarão com 30%. A união resolverá os problemas de caixa do BMG, que teve prejuízo de R$ 107,7 milhões no primeiro trimestre do ano, segundo a contabilidade do Banco Central, e vinha sendo obrigado a recorrer ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para se financiar.

"O Itaú contribuirá com sua capacidade econômico-financeira e a sua experiência administrativa e de controles para o sucesso da nova empresa", disse Setúbal. Já o BMG entrará com a sua competência comercial e operacional, além da plataforma tecnológica necessária ao desenvolvimento das atividades.

O acordo de acionistas assegura ao Itaú a indicação da maioria dos integrantes do Conselho de Administração da nova empresa e o direito de sugerir e aprovar todos os diretores, incluindo o presidente. As únicas exceções são os diretores das áreas comercial, de operações e de cobrança, que ficarão a critério do BMG.

Durante cinco anos, o Itaú terá de injetar até R$ 300 milhões por mês no futuro banco para custear o consignado, um claro sinal de que poderá se associar ao BMG em todas as operações que o mineiro atua. O Itaú frisou que manterá suas operações próprias de crédito com desconto em folha. A previsão é de que o Itaú BMG gere negócios de R$ 12 bilhões nos próximos dois anos.

"A operação foi boa para os dois bancos. O mercado tem a preocupação de que haja algum problema no BMG, mas não acredito nessa possibilidade", disse João Augusto Salles, da Consultoria Lopes Filho. Segundo ele, o Itaú se beneficiará pois ganhará escala no consignado e mais canais de venda. A associação deve ser concluída em 90 dias. (VM)