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Daycoval Asset Management

Copom realiza penúltima reunião do ano para definir Selic nesta semana Em setembro, a Selic foi reduzida novamente em 0,5 ponto percentual. “As projeções indicam que a taxa Selic, depois de chegar a 5,5% em setembro, deva cair ainda mais até o fim do ano. Muitos fatores podem nortear a próxima decisão do Copom: inflação corrente persistentemente baixa; expectativa de inflação futura também baixa e abaixo da meta; além da lenta recuperação da atividade econômica. Esses são os principais pontos que dão o respaldo ao cenário esperado”, disse o analisa Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset Management. Meta de inflação A taxa básica de juros é o principal instrumento do banco para alcançar a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. Para o mercado financeiro, a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar abaixo do centro da meta, em 3,...

Título: Momento pede um crédito responsável de todos os bancos
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2012, Economia, p. B4

As intervenções recentes em instituições de menor porte levantam a questão se foram eventos isolados que ocorreram simultaneamente ou sintomas de disfunções na intermediação. Coincidência, mas todos eles operavam em consignado e veículos usados, nichos com inadimplência baixa e prazos longos e faziam cessão de carteiras para financiar-se. Os problemas foram causados por duas distorções: o padrão de concorrência entre as instituições e as regras de contabilização.

No caso do consignado, pagava-se comissão aos "pastinhas", que são representantes comerciais que atraem os tomadores de crédito. A mesma era adiantada na ordem de 10% a 20% do montante liberado, reduzindo a margem. Num segundo momento, o próprio "pastinha", após alguns meses, convencia os mesmos clientes a refinanciar suas operações em outro banco a uma taxa menor. Com isso, ele obtinha uma segunda comissão de um concorrente e causava um prejuízo ao que tinha feito a concessão original.

Uma segunda distorção ocorreu porque, na cessão de carteiras, tanto de consignado como de veículos, a contabilização superestimava o lucro da operação na instituição que cedia os créditos num primeiro momento e prejudicava os resultados de exercícios futuros. Com o aumento da inadimplência na crise de 2009, o quadro se agravou mais ainda e as distorções nos balanços se tornaram evidentes. Em alguns casos, os bancos tentaram escondê-las com artifícios contábeis, mas, aparentemente, o tema já é página virada e as distorções corrigidas.

A bem da verdade, o ocorrido aponta para o fato de que distorções, no caso no padrão de concorrência e nas regras de contabilização, impõem um custo à sociedade. Há mais sintomas de disfunções na intermediação financeira no Brasil: as margens (spreads) são absurdamente elevadas, a demanda de crédito está em queda, a inadimplência em alta e os prazos são curto.

É necessária uma readequação da intermediação financeira aos novos tempos. Devem-se apurar as demais falhas existentes, algumas são gritantes como a tributação do crédito, compulsórios draconianos, os direcionamentos e os custos de observância elevados e tomar as providências necessárias. O momento pede um crédito responsável de todos os bancos.