Veja Título: Febraban contesta FMI sobre juros Autor: Ricardo Leopoldo e Priscilla Murphy Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Economia, p. B3 Relatório do Fundo sugere existência de forças 'não competitivas' entre os bancos O economista-chefe da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Roberto Luis Troster, contestou ontem o relatório "Estabilização e Reforma na América Latina", divulgado terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o qual "a concentração e altas margens de juros no setor bancário brasileiro sugerem a possibilidade de haver forças não competitivas funcionando" entre os bancos. "É oportuno debater as causas que atravancam a intermediação bancária e propor ações para melhorar a oferta de crédito e conseqüentemente o investimento e o emprego", afirmou o economista, em texto distribuído ontem. Troster admite que é baixa a relação entre operações de crédito das instituições financeiras e o Produto Interno Bruto do Brasil. No trabalho do FMI, o texto "Os bancos brasileiros competem?" mostra que a proporção de ativos dedicados a financiamentos chega a 30%, bem menos que os 68% na América Latina, 68% nos Estados Unidos e 52% de 11 países membros da União Européia em 2000. "É oportuno lembrar os avanços ocorridos em 2004, quando o crédito total cresceu 17,6% e o crédito à pessoa física, 28,9%, pela melhoria do quadro macroeconômico e de avanços institucionais, como crédito em consignação", afirmou Troster. No trabalho do FMI, é ressaltado que os spreads (diferença entre o que o banco paga para captar recursos e os juros finais que cobra dos clientes) sobre ativos no Brasil são muito altos, provocados em boa parte pela concentração do sistema financeiro e conseqüente baixa competição. Segundo o Fundo, essa relação atinge 5,2% no País, ante 1,9% nos 11 países europeus, 3,10% nos EUA e 4,2% na América Latina. Segundo Troster, "apesar dos spreads elevados, a rentabilidade do setor bancária brasileira é baixa". Ele cita uma tabela do estudo, mostrando que o Brasil tem a menor rentabilidade patrimonial e de ativos de toda uma amostra de países. O texto sobre concorrência no País, diz Troster, mostra que os lucros antes do Imposto de Renda estão pouco acima da média da América Latina e abaixo dos americanos. "Os spreads são elevados, mas não se traduzem em lucros. Ele afirma ainda que no trabalho do FMI "há omissões na explicação dos custos (dos bancos)". Segundo o FMI, "há evidência de comportamento não competitivo" nos bancos estatais".